Segundo jornal 'O Globo', dono da
empresa JBS, Joesley Batista, gravou conversa com presidente na qual foi
discutida a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha.
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Reação do Palácio do Planalto foi dizer que acusações não procedem |
O Palácio do Planalto divulgou na
noite desta quarta-feira (17) uma nota na qual informou que o presidente Michel
Temer se reuniu com o empresário Joesley Batista, dono da JBS, mas
"jamais" tentou evitar a delação do deputado cassado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) - leia a íntegra ao final desta reportagem.
A nota foi
divulgada após reportagem publicada no site do jornal "O Globo"
informar que Joesley Batista entregou ao Ministério Público Federal gravação
de conversa dele com Temer na
qual foi discutida a compra
do silêncio de Eduardo Cunha.
"O
presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do
ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento
com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo
ex-parlamentar", diz trecho da nota.
"O encontro
com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do
Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente
da República", acrescenta a assessoria de Temer.
O presidente
deixou o Planalto por volta das 22h10. Após a nota ser divulgada, o secretário
de Comunicação Social, Márcio Freitas, declarou aos jornalistas. "Tudo o
que tem de ser dito sobre esse assunto foi dito na nota. Vamos descansar e
amanhã [quinta] falamos. Vamos trabalhar normalmente amanhã".
Antes de a
assessoria da Prsidência divulgar a nota, o
presidente se reuniu com ministros, entre os quais Eliseu
Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Antonio Imbassahy
(Secretaria de Governo), e assessores, como o secretário de Comunicação Social,
Márcio Freitas, e o porta-voz, Alexandre Parola.
O presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o líder do governo no Senado Romero Jucá
(PMDB-RR), também estiveram presentes ao encontro (saiba mais detalhes sobre o encontro no vídeo abaixo).Diante
da notícia do jornal "O Globo", os presidentes da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), encerraram
as sessões nas
quais estavam sendo discutidos projetos em plenário.
Ao deixar a
Câmara, Maia foi questionado sobre os motivos de ter encerrado a sessão e disse
que não havia mais "clima". "Não tem mais clima para
trabalhar", afirmou.
Maia disse
ainda: "Tem que ver primeiro o que é". Na sequência, emendou:
"Estamos tratando disso". Sobre se o caso é grave, concluiu: "Pode
ser".
Antes de o
deputado encerrar a sessão, houve tumulto no plenário, a oposição pediu o fim
da votação da medida provisória e houve gritos de "Fora, Temer!".
A denúncia
causou reação imediata entre os deputados da oposição, que pediram a renúncia
do presidente da República e passaram a defender o impeachment. "O governo
acabou", chegou a dizer o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do
governo na Câmara na gestão de Dilma Rousseff.
Ato contra Temer
Após o jornal "O Globo" publicar a reportagem
sobre o áudio, manifestantes se reuniram em frente ao Palácio do Planalto na
noite desta quarta para protestar
contra o presidente Michel Temer .
Os gritos eram
de "Fora, Temer" e "Diretas Já".
Entenda
o caso
Segundo o jornal "O Globo", os donos da JBS
disseram em delação à Procuradoria-Geral da República (PGR) que gravaram Temer
dando aval para comprar o silêncio de Eduardo Cunha, após o ex-deputado ser
preso na Operação Lava Jato.
Ainda de acordo
com o jornal, o empresário Joesley Batista entregou uma gravação feita em março
deste ano em que Temer indica o deputado Rodrigo Rocha Lourdes (PMDB-PR) para
resolver assuntos da J&F, uma holding que controla a JBS. Posteriormente,
Rocha Lourdes foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, enviados por
Joesley.
A assessoria de
Rocha Loures divulgou a seguinte nota: "Com relação às notícias divulgadas
nesta quarta-feira, envolvendo a empresa JBS, informamos que o empresário e
deputado federal Rodrigo Rocha Loures está em Nova York, onde proferiu palestra
sobre a política brasileira a um grupo de investidores internacionais. Rocha
Loures tem retorno programado para amanhã. Em seu retorno, o deputado deverá se
inteirar e esclarecer os fatos divulgados."
Em outra
gravação, também de março, diz "O Globo", o empresário disse a Temer
que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que
permanecessem calados na prisão. Diante dessa informação, Temer diz, na
gravação: "tem que manter isso, viu?"
Na delação de
Joesley, o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, é gravado
pedindo ao empresário R$ 2 milhões. A entrega do dinheiro a um primo de Aécio
foi filmada pela Polícia Federal (PF). A PF rastreou o caminho do dinheiro e
descobriu que foi depositado numa empresa do senador Zeze Perrella (PMDB-MG).
Aécio e
Perrella negaram as acusações. Enquanto Perrella disse "nunca"
recebeu "um real sequer" da JBS, a assessoria de Aécio
divulgou a seguinte nota: "O senador Aécio Neves está absolutamente
tranquilo quanto à correção de todos os seus atos. No que se refere à relação
com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer
envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao conjunto das
informações para prestar todos os esclarecimentos necessários."
A gravação
Segundo o jornal, em duas ocasiões em março deste ano,
Joesley conversou com Temer e com Aécio levando um gravador escondido.
O colunista
Lauro Jardim, de "O Globo", conta, ainda, que os irmãos Joesley e
Wesley Batista estiveram na quarta-feira passada no Supremo Tribunal Federal
(STF) no gabinete do ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin – responsável
por homologar a delação dos empresários. Diante dele, os empresários teriam
confirmado que tudo o que contaram à PGR em abril foi de livre e espontânea
vontade.
Joesley contou
ainda que seu contato no PT era Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda de Lula e
Dilma Rousseff. Segundo "O Globo", o empresário contou que era com
Mantega que o dinheiro da propina era negociado para ser distribuído aos
petistas e aliados, e também era o ex-ministro que operava os interesses da JBS
no BNDES.
Cunha
Joesley disse na delação que pagou R$ 5 milhões para
Eduardo Cunha após sua prisão na Lava Jato. O valor, segundo o jornal, seria
referente a um saldo de propina que o deputado tinha com o empresário.
Joesley Batista
disse ainda que devia R$ 20 milhões por uma tramitação de lei sobre a
desoneração tributária do setor de frango.
Investigação
Segundo o jornal, pela primeira vez a PF fez "ações
controladas" para obter provas. Os diálogos e as entregas de dinheiro
foram filmadas e as cédulas tinham os númjeros de série controlados. As bolsas
onde foram entregues as quantias tinham chips de rastreamento.
Durante todo o
mês de abril, foram entregues quase R$ 3 milhões em propina rastreada.
O jornal
informou que as conversas para a delação dos irmãos donos da JBS começaram no
final de março. Os depoimentos foram coletados do início de abril até a
primeira semana de maio. O negociador da delação foi o diretor jurídico da JBS,
Francisco Assis da Silva, que depois também virou delator.
Íntegra
NOTA À IMPRENSA
O presidente Michel Temer
jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha.
Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar
delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar.
O encontro com o empresário
Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve
no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República.
O presidente defende ampla e
profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa,
com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que
venham a ser comprovados.
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